Internet, livros e autores

Vários autores/escritores mantém seus websites conosco aqui no GQP. Para estes, nos deparamos essa semana com os termos Autopublicação e Autopublicação Guiada.

Quando jovem, ouvi dizer que precisamos fazer três coisas antes de morrer: Criar um filho, plantar uma árvore e escrever um livro. Não me lembro da origem disso, mas ficou em mim.

O momento agora parece estar propício à coisa de escrever um livro. Estamos na época do e-book, o livro digital, que dispensa todo o trabalho de antigamente: O papel, a coisa de ir buscar na livraria, a necessidade de ter espaço na estante, a chatice de ter de espanar de vez em quando, e agora, parece, dispensa também a editora. Autopublicação é isso, faça você mesmo. Escreva, publique, e comece a vender seu livro por ai.

Mas será que é assim mesmo?

Investigando um pouco, acabei descobrindo que não. O buraco é mais embaixo.

Antes, você escrevia e precisava mandar seu rascunho para uma editora, que por sua vez aceitava ou não publicar seu trabalho. Poucos felizardos, ou os muito talentosos, ou por critérios outros qualquer, eram escolhidos e publicados, e podiam assim tornar-se autores profissionais. Na prática, 99% dos originais deviam ser jogados fora ou dispensados. Frustrados.

As plataformas de autopublicação que crescem e aparecem agora visam esse público. Queimando etapas, e fugindo do julgamento de outrem, você poderia publicar seu livro, avisar a família e os amigos, e vender sua obra. E com sorte, virar um escritor de verdade, que é realmente lido e consumido.

Escutando atentamente Noga Sklar*, criadora do termo Autopublicação Guiada, esta questão de autopublicação toma contornos mais reais.

Noga* diz:

“O fator determinante é a facilidade oferecida por eficientes plataformas de autopublicação, entre as quais se destaca o KDP [Kindle Direct Publishing], não só pelo avanço em seu modo de operação, como pela possibilidade de ter o livro publicado na maior comerciante de livros da história e do planeta e criadora do próprio sistema de autopublicação, a Amazon.com.

Existe uma verdade até a pouco cuidadosamente camuflada: não importa o tamanho da sua editora nem a qualidade do seu texto, o fator determinante do seu sucesso como escritor é um trabalho incessante de sua parte para divulgá-lo até gerar um boca-a-boca que resulte em vendas, quer dizer, o seu trabalho de autor, que supostamente deveria terminar com o livro disponível na livraria, está apenas iniciando com isso o segundo e crucial capítulo de sua carreira de escritor, sem o qual não haverá carreira na verdade, apenas um leve lustro em sua vaidade.

Mas há coisas que a autopublicação não muda, entre elas sendo a mais importante a primazia da qualidade do seu texto. Não se iluda: o fato de não ter exposto o seu trabalho à crítica abalizada de um editor não o torna melhor, nem diferente dos demais, muitos mais, o torna apenas mais vulnerável ao fracasso. E é aí que entra a necessidade de contratar alguns profissionais para conferir ao seu livro um nível… Profissional.”

Livros não profissionais existem muitos por aí. Mas o que acontece com eles na verdade? Qual é a chance real de você conseguir destacar sua obra entre milhões de outras? E o que fazer para evitar isso?

Noga* explica:

“O que você pode e deve fazer para melhorar suas chances é seguir, justamente, o conselho dos escritores profissionais que sempre serão sucesso de público, nas grandes editoras ou fora delas: contrate quem entende do ofício.

Basta seguir o roteirinho abaixo, dez mandamentos básicos de como autopublicar o seu livro:

1. Contrate, para começar, um bom revisor ortográfico (estou falando de gente, com sensibilidade e atenção apuradas, não de software grátis). Se quiser ir além, contrate também um editor independente, uma nova profissão que está surgindo e deverá adquirir força no mercado, em oposição às grandes multinacionais de interesses puramente comerciais. Mesmo os best-sellers mais impressionantes, escritos a princípio por autores amadores, de fim de semana, exatamente como você, têm uma linguagem, gramática e ortografia irrepreensíveis.

2. Contrate um designer experiente para criar uma capa que atraia a atenção e se sobressaia no site da livraria. Capas amadorísticas dão ao leitor esta exata impressão: de que você é um amador.

3. Converta seu livro com um conversor digital profissional (novamente, estou falando de gente, não de software grátis). Na área da conversão isso é ainda mais grave, pois sendo uma necessidade bastante recente não existe software eficiente. Não se iluda: o que tem disponível por aí pode até resultar num arquivo que a livraria aceita, mas haverá separação de sílabas no local errado, capítulos misturados, caracteres “esquisitos” poluindo o texto e outros males, além, é claro, do pior deles: a falta de um índice linkado funcional e válido, algo vital para uma leitura confortável do seu livro, que, afinal, não é um objeto folheável como antigamente, mas um arquivo baixado do computador, sem numeração de páginas, inclusive. É a tal “navegabilidade”, crucial num e-book.

4. Bem, seu arquivo está pronto para ser “subido”. Você não precisa fazer mais nada, não é mesmo? É só subir e divulgar o link numa ação entre amigos. Errado. Você precisa mais do que nunca de um profissional para apoiá-lo, fazer uma descrição profissional do seu livro, nada do gênero “escrevi este livro nas minhas madrugadas insones, enquanto o meu cachorro lambia os meus pés gelados e eu com um copo de uísque na mão sonhava com os milhões que ganharia vendendo os meus livros, coloquei minha alma nele e aí está minha umilde (sic!) obra, garanto que você vai gostar, e vai perdoar todos os meus errinhos aí atraz (sic de novo)”, ou “este livrinho de receitas é dedicado aos meus netos e sobrinhos, escrevi com carinho nas minhas horas de laser (sic)”.

5. Você precisa também classificar corretamente o seu livro, saber que categoria aumentará suas chances de aparecer, que palavras-chave deve usar, qual o preço adequado para comercializar, enfim, coisa para… profissionais.

6. Tendo feito tudo isso com a melhor qualidade possível, seu livro está finalmente à venda e você já tem o link para divulgar. Verdade: muitos autores nem conseguem localizar o próprio link. Basta avisar e você começará a subir nas listas, pois seu livro é sensacional correto? Errado de novo. Você precisa de um profissional de marketing que entenda o “espírito” de seu livro e possa enfatizar o seu melhor enquanto camufla os seus defeitos. Além do quê, e você deverá em qualquer caso estar atento 100% do tempo, identificando oportunidades, captando a tela quando seu livro alcança uma posição boa de verdade, nem que seja por apenas uma hora (é o tempo de renovação d lista de mais vendidos na Kindle Store) para propagá-la por murais, blogs e sites especializados e, mais ainda, identificando datas especiais onde seu livro se encaixaria e negociando com a livraria promoções especiais, esta última, é claro, algo restrito a editoras profissionais, ainda que aquelas dedicadas à “autopublicação”.

7. Isso, para nem mencionar que o negócio de autopublicar no KDP é tão tranquilo que nem precisa de ISBN, correto? Errado. É o ISBN que fará de você um verdadeiro autor profissional, oficializado no mercado. Você pode solicitá-lo sozinho, sabia? Não é caro nem complicado. Mas é muito mais fácil, claro, se o profissional que você contratou para ajudá-lo der conta também deste recado, sem cobrar nenhum extra por isso. Além do mais, as plataformas de autopublicação impressa que ainda não chegaram ao Brasil, mas chegarão em breve, exigem o ISBN.

8. Mas, nossa, não terminou ainda? Bem, se você pretende traduzir o seu livro, não pense que o Google ou seu professor de inglês do ensino médio, ou aquela sua prima que foi casada com um americano por um ou dois anos e morou na Flórida, darão conta do serviço. Contrate um tradutor profissional e se prepare para pagar por isso, ou pagará apenas um “mico” internacional e nunca verá seu livro sair do limbo.

9. Você fez o melhor que podia para o seu livro.

10.  Pra terminar, um conselho de amiga e colega: muito cuidado com o contrato online que você assinará. As pessoas tendem a não ler contratos, e você poderá se deparar no futuro com uma surpresa bastante desagradável. O barato poderá sair caro demais, e você não terá como se compensar. Uma economia da ordem, digamos, de R$100, poderá representar milhares de reais e total falta de controle sobre os resultados do seu livro no caso de você se tornar um escritor bem-sucedido.

Na KB+ trabalhamos uma plataforma de “autopublicação guiada” onde você tem todos os serviços acima e mais alguma coisa, com qualidade comprovada e um preço acessível. Você autopublica, mas não se preocupa com a possibilidade de algo dar errado. Não se preocupe com mais nada, a não ser, é claro, com a palavra escrita, e muito bem escrita. E se prepare para dedicar-se de corpo e alma a divulgar seu livro, sob nossa orientação profissional, é claro. Boa sorte, amigo escritor!”

Em suma: Autopublicar sozinho é perda de tempo se seu objetivo real é ter qualidade em sua obra. Vi a plataforma de autopublicação da Amazon, e a quantidade de detalhes e tecnicalidades necessários é grande demais, chata demais, e sinceramente, acredito em “cada macaco no seu galho”. Seu negócio é escrever, expor suas ideias, sua filosofia, sua alma. Já é muito! Vale a pena deixar outras tarefas para quem é do ramo.

* Noga Sklar é escritora e editora,
responsável pela KBR Editora Digital, pioneira dos e-books no Brasil,
e também gestora da www.kbmais.com.br

 

One thought on “Internet, livros e autores

  1. DAGOBERTO ARANHA PACHECO

    Concordo totalmente com a Noga. Desde meu primeiro e-book publicado, confiei a edição, correção, capa e principalmente nos conselhos dela. Agora mesmo tenho um novo livro New Lessons of Abyss que está sendo trabalhado por ela e logo será lançado. Confio muito no trabalho profissional da Noga e espero continuar a colher os benefícios desta minha escolha.