Abra sua empresa a custo (quase) zero

Consultores de gestão, RH e tecnologia mostram como tirar proveito da internet, de associações e redes sociais na hora de começar do zero e com pouco dinheiro

Por Ana Cristina Dib

A ideia é inovadora e tem potencial. Na hora de fazer as contas para saber quanto custa tirá-la do papel, porém, a coisa muda de figura. Realizar o sonho de empreender esbarra em questões burocráticas e, principalmente, financeiras, que inibem o voo de muitos ex-futuros-empresários com projetos promissores.

As questões que surgem logo de cara parecem complexas demais para o iniciante. Qual a quantia necessária para abrir a empresa e mantê-la funcionando até obter lucro? Como conseguir crédito mais barato? O que fazer para não errar na hora de aplicar o capital? Em geral, são fatores diretamente relacionados a dinheiro que abatem o ânimo de muitos empreendedores em potencial.

“As pessoas têm medo de investir as economias, não ter sucesso e se endividar. Por isso, boa parte das ideias que poderiam originar novas empresas fica apenas na imaginação”, diz Enio Pinto, gerente da Unidade de Atendimento Individual do Sebrae.

De fato, até há bem pouco tempo, montar uma empresa com o dinheiro contado era missão quase impossível. Porém, com o avanço da tecnologia, esse cenário mudou. Hoje já é possível recrutar on-line, fazer reuniões sem sair do escritório e fidelizar clientes pelas redes sociais sem desembolsar nenhum centavo. “A internet, aliada a estratégias criativas, impulsiona o empreendedorismo”, afirma Carlos Sampaio, coordenador de suporte do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR). Pequenas Empresas & Grandes Negócios ouviu especialistas de diversos setores e elaborou 40 dicas para ajudá-lo a cortar despesas antes mesmo de abrir as portas.

Confira a seguir as estratégias que vão fazer sua start-up decolar.

1 > CALCULE OS CUSTOS DE ABERTURA | A emissão do alvará e taxas da junta comercial são os principais gastos para abrir a empresa legalmente. Segundo Cláudio Vallim, consultor jurídico do Sebrae-SP, dependendo do estado, pode haver outras contribuições obrigatórias, mas o custo total da burocracia varia de R$ 900 a R$ 1.500. Para resolver tudo, pode-se optar por contratar um contador ou advogado. Em São Paulo, o valor cobrado pelo prestador de serviço gira em torno de R$ 2 mil.

2 > EVITE O CRÉDITO PESSOAL | Não busque dinheiro em linhas de crédito pessoal. “Bancos estatais disponibilizam financiamento para pequenas e médias empresas com taxas vantajosas. Enquanto os juros do cartão de crédito são de 10% a 12% ao mês, as outras linhas variam de 1,5% a 2% ao mês. Fuja também das linhas pré-aprovadas, similares ao cheque especial e as mais caras do mercado”, diz o consultor em finanças Alexandre Guimarães, sócio da Kaph Financial Group. Empresas iniciantes podem ainda obter financiamento de até R$ 400 mil (com prazo de até 96 meses, com 36 de carência) do Proger Urbano, disponível em bancos credenciados com juro anual de até 5,33% ao ano, mais TJLP de 6,3% ao ano.

3 > MÓVEIS? SÓ O ESSENCIAL | Mobiliário é caro. No início, gaste pouco para escolher mesas e poltronas e utilize peças de segunda mão em bom estado. Com o tempo, quando o negócio for ganhando corpo, a decoração pode ir mudando. Muitos empresários, acostumados a trabalhar em grandes empresas, montam escritórios luxuosos e depois descobrem que não têm mais dinheiro para, por exemplo, contratar mão de obra qualificada ou para capital de giro.

4 > REAVALIE OS ESTOQUES | Não ter um estoque foi a solução que os donos do Magazine 25, loja que vende artigos para festas, encontraram para viabilizar o negócio. Em 2006, Vagner Fradinho Cândido de Oliveira, 55 anos, resolveu investir R$ 100 mil e criar uma loja virtual de produtos na rua 25 de Março. Como não tinha espaço para estocar mercadorias, o empresário não comprava nada antes que os pedidos fossem feitos. “Fazíamos acordos com empresas da região para tirar fotos dos produtos e publicar no site. Ao final do dia, verificávamos quantas vendas tinham sido realizadas e só então íamos às compras”, afirma Bruno Oliveira, 27 anos, filho de Vagner. O empreendimento familiar fatura R$ 5,5 milhões, emprega 30 funcionários e ocupa 36 salas de um prédio, onde fica também a loja física.

5 > FALE DE GRAÇA | Use e abuse de programas de ligações via VoIP. Com o Skype dá para fazer chamadas gratuitas pelo computador ou smartphone, utilizar recursos de vídeo, chat e realizar conferências com até nove pessoas. “Embora seja o mais famoso, já existem outras ferramentas grátis semelhantes para baixar na internet, entre elas o Gizmo, o Adphone e o X-lite. Além de a instalação ser simples, a qualidade da chamada não deve em nada à das operadoras de telefone”, afirma Carlos Sampaio, coordenador de suporte do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR).

6 > APOSTE NA NUVEM | Vale a pena hospedar na nuvem o correio eletrônico, o banco de dados, a parte contábil e o administrativo, entre outros. Acessar todas as informações da empresa de forma remota traz mobilidade. Outra vantagem dos serviços de cloud computing é a economia. Com eles, a manutenção da infraestrutura e a instalação dos softwares nos computadores corporativos diminuem, pois ficam a cargo do provedor do serviço. Não é preciso superdimensionar o servidor. Montar um parque servidor dentro da empresa sai, em média, R$ 20 mil. A mensalidade dos serviços de cloud computing gira em torno de R$ 80 por usuário.

7 > TOME DECISÕES SEM SAIR DO ESCRITÓRIO | Ao fazer reuniões opte pelos sistemas de teleconferências virtuais. Muitas vezes, o empresário tem de se locomover ou até viajar para tomar decisões importantes, o que gera gastos que podem ser evitados, pelo menos no início. “A Talkshoe oferece o serviço gratuito. Basta preencher um cadastro e abrir a conta. O Gotomeeting permite fazer videoconferências ilimitadas via web com até 15 participantes por US$ 49 mensais”, diz Carlos Sampaio, coordenador de suporte do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR).

8 > EMBARQUE NO GEOMARKETING | A ferramenta é uma pesquisa demográfica detalhada que ajuda a conhecer os moradores da região em que o negócio será criado, seu nível socioeconômico e hábitos de consumo. Isso diminui o risco e permite direcionar ações junto ao mercado de atuação. Com os dados, dá para fazer previsões de quanto o empreendimento vai faturar e analisar os concorrentes vizinhos. O Sebrae oferece, de graça, uma ferramenta de geomarketing chamada Bússola.

Observação: No GQP, discordamos do item 6-aposte na nuvem. Nos parece ainda apenas propaganda de algo que ainda nao está disponível para as pessoas comuns, não é bem assim que as coisas funcionam. :). No mais, muito bom!

Origem: Revista Pequenas Empresas grandes negócios, da Globo.com