Adeus ao PageRank do Google

autor: Danny Sullivan 

RIP (Descanse em paz) PageRank do Google: Uma retrospectiva de como este índice arruinou a web

Enquanto o Google vai removendo o Pagerank da vista pública nas próximas semanas, a forma como esse índice influenciou a web vai persistir

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PageRank – A fórmula secreta que o Google usou para se transformar na gigante do mundo das buscas online – já era. Pelo menos para o público. O índice numérico que que o Google usava para dar notas de importância as páginas dos sites está deixando de ser acessível ao público em geral.

Vá com Deus (ou já vai tarde).

– Você já recebeu emails de estranhos pedindo por links em seu site? Culpa do PR ( PageRank ).

– Você já recebeu spam em seus comentários? Culpa do PR.

– Já teve de quebrar a cabeça tentando resolver se devia ou não usar o atributo “nofollow” em seus links? Culpa do PR.

Na verdade, culpe o Google por um dia ter tornado público o PR. Quando começou, o Google usou o PR como forma de rankear suas publicações técnicas, seus releases para a imprensa, suas paginas de tecnologia, promovendo a si mesmos como uma ferramenta de buscas mais inteligente, tentando superar suas rivais maiores e melhor posicionadas na época, como Yahoo, AltaVista e Lycos, por exemplo.

Quando o Google “soltou” o PageRank

Foi em 2000, quando o Google lançou sua primeira barra de pesquisa ( toolbar ) para o Internet Explorer. A barra facilitava fazer suas buscas pelo Google, e já vinha com a visualização do PR embutida, mostrando o rankeamento de qualquer site e popularizando a ideia.

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Esta imagem ( screenshot ) acima é de uma das versões da barra de pesquisas, esta no caso foi para o Firefox. Mostra como o PR aparecia. Quanto mais verde mostrava na barra, melhor a avaliação do Google para o site/página em questão, e assim era rankeada. A graduação ia de 0 a 10.

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A maioria das pessoas que usavam a barra de pesquisas do Google provavelmente nunca se deram ao trabalho de ativar a função de PR. A intenção do Google à época era proporcionar ao internauta a noção de que aquele site onde ele estava tinha mais ou menos qualidade, portanto, um bom ou um mal site. E também buscar entender a visão do internauta em si. Apenas um grupo de pessoas se interessou de imediato por essa função: os profissionais de TI webmasters, preocupados com SEO ( otimização ) dos sites de seus clientes.

Quer comprar uma “turbinada” de Pagerank?

Para aqueles que se ocupavam de construir e otimizar sites, a barra métrica de PR era um presente dos deuses. Um índice numérico claro do quão importante o Google considerava seus sites. Mas esse presente também foi uma armadilha para webmasters, e um desastre para a web como um todo.

PR sempre foi e ainda é apenas uma parte do algorítimo de pesquisas do Google, o sistema que determina o rankeamento dos sites. Existem muitos outros fatores que influenciam no rankeamento de um site. Um PR alto não determina que um site vai aparecer bem em qualquer situação. Muitas vezes sites com PR baixo superam os de PR alto se tiverem outros fatores a seu favor.

O resultado prático de se tornar publico o PR foi que os webmaster se tornaram obsessivos com esse índice métrico. E todo um mercado surgiu para atender essa demanda.

O Google transformou os links em “votos”, que seriam dados pelos internautas, dada a “natureza democrática” da internet. As redes de links surgiram e se transformaram no “Tiririca” da web, já que sua fama e número de votos – alto PR – levariam com ele outros desconhecidos e incipientes juntos. E podiam ser comprados.

Você quer um PR alto? Então você quer links e back-links para seu site, e assim um mercado de venda de links surgiu. Links eram vendidos e comprados, melhorando artificialmente o o PR de sites de baixa qualidade e conteúdo.

O Google não ficou feliz com a caixa de pandora que havia aberto, e reagiu, detectando redes de links e penalizando o mal uso, reduzindo índices de PR dos flagrados ou até banindo-os da sua plataforma de buscas. Houve processos legais, onde se julgou que influenciar resultados através de redes de links estava errado.

Mas isso não interrompeu o mercado de compra e venda de links. Turbinar resultados de PR, obter resultados rápidos, ao invés de conquistá-los com qualidade, ortodoxia e bons conteúdos, continuou sendo o foco de muitos. A atividade se tornou escondida, underground, mas persistiu.

Então, os links de spam

Webmasters à procura de maior PR começaram a pegar quaisquer links, sem importância mas numerosos, lançando para posts de blogs e fóruns. O problema foi crescendo junto com a web, e o Google foi conclamado a agir. E em 2005 lança a tag “nofollow”, a ser usada para impedir o encaminhamento de links. Não passou de uma maquiagem, uma tentativa do Google em mostrar que estava atuando e retomar sua credibilidade, já abalada em alguns centros de opinião.

Morte lenta do índice PageRank

Ironicamente, a barra de pesquisas do Google para o Internet Explorer que começou toda esta histeria em 2000 já se perde na memória. Cresceu e se popularizou por uma década, porém caiu em desuso quando do lançamento do navegador Chrome onde a pesquisa passou a ser feita diretamente na barra de navegação.

Outros golpes ao PR vieram do Firefox, que deixou de suportar a barra de pesquisas do Google em 2011, e do Internet Explorer, onde foi atualizado pela ultima vez em 2013, ao que parece. O próprio Google Search console deixou de existir em 2009, e o open directory Google terminou em 2010, levando com ele o display de PR.

PageRank como um índice visível está morrendo desde 2010 eu creio. Ser retirado da barra de pesquisas torna oficial sua morte, o último prego em seu caixão. Os poucos instrumentos que ainda permitiam ver o índice automaticamente, como extensões SEO para os navegadores, já não mostram mais nada, causando real impacto.

O mundo pós-PageRank

PageRank, a fórmula secreta do Google, finalmente volta a ser um segredo oculto. Apenas o Google terá acesso ao índice, e continuará sendo usado como parte de seu algorítimo de pesquisas, para rankear sites.

A ausência do índice PR pode provocar a busca de alternativas, estimativas de outras partes sobre o quão importante um site é. Mas ninguém sabe. Apenas o Google sabe realmente qual o rank de uma página atualmente. E como já repeti inúmeras vezes, o PR sozinho não determina que uma pagina rankeie bem.

Em outras palavras, não se fixe em índices, seja do Google ou de outras empresas ou ferramentas. Para alguns, isso pode ser um foco útil, mas para a maioria isso se transforma numa obsessão que interfere nas outras formas de otimização de sites que podem e devem ser usadas.

E finalmente, com o PR indo embora, poderemos desfrutar de uma internet pacifica, onde ninguém coloca links de spam nos comentários,  ou envia emails para trocar ou comprar links, e deixa de fundir a cabeça de webmasters responsáveis sobre usar ou não a tag “nofollow” em seus links ou patrocinadores, por medo de ser responsabilizado e punido pelo Google. Sem PR, sem pressão!

É claro que nada disso vai desaparecer de verdade. PageRank inventou todo um mercado de links, que existe e hoje em dia não usa mais o índice. Pode ser que fique mais difícil de precificar a compra e venda de links. Mas o mercado de links continuará a existir, enquanto o Google depender tanto deles.

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ABOUT THE AUTHOR

Danny Sullivan is a Founding Editor of Search Engine Land. He’s a widely cited authority on search engines and search marketing issues who has covered the space since 1996. Danny also serves as Chief Content Officer for Third Door Media, which publishes Search Engine Land and produces the SMX: Search Marketing Expo conference series. He has a personal blog called Daggle (and keeps his disclosures page there). He can be found on Facebook, Google + and microblogs on Twitter as @dannysullivan.

fonte: Search Engine Land – livre tadução

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